A Polícia
Federal intimou 110 pessoas em cinco estados na investigação para apurar o
suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas pela JBS ao governador
Reinaldo Azambuja (PSDB). Além dos depoimentos, no desdobramento da Operação
Vostok, os policiais estão cumprindo mandados de busca e apreensão nesta
terça-feira (3).
Duramente
criticada pelo governador, que a acusou de eleitoreira e midiática na fase
deflagrada em 12 de setembro do ano passado, a PF adotou o perfil mais discreto
no desdobramento da investigação. Não houve nem o acompanhamento da TV Globo,
como ocorreram com outras operações de combate à corrupção contra políticos
ligados ao PT.
“A Polícia
Federal deflagrou hoje (terça-feira, 3/9) um desdobramento da Operação VOSTOK,
ocorrida em setembro de 2018. A ação é um esforço coordenado para a realização
de diligências relacionadas às medidas cautelares de busca e apreensão,
afastamento de sigilos telefônicos e bancários decretados pelo Ministro
relator, por ocasião da citada Operação”, informou, em nota, sem citar o nome
do ministro Felix Fischer, relator do inquérito 1.190 no STJ (Superior Tribunal
de Justiça).
“Estão sendo
intimadas aproximadamente 110 pessoas entre testemunhas e investigados. Os
intimados terão as suas oitivas formalizadas nos Estados de São Paulo, Paraná,
Ceará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A maior parte das oitivas está sendo
realizada na cidade de Campo Grande”, informou.
Alguns dos
14 presos no ano passado foram intimados para prestar o segundo depoimento
nesta semana. O delator na Operação Lama Asfáltica, Ivanildo da Cunha Miranda,
deverá ser ouvido nesta quarta-feira, a partir das 10h.
Em 12 de
setembro do ano passado, o advogado Rodrigo Souza e Silva, filho de Reinaldo,
teve a prisão decretada por cinco dias e também prestou depoimento sobre a
cobrança de propina em troca de incentivos fiscais. O próprio governador, que
foi obrigado a cumprir medidas cautelares por 30 dias, foi ouvido na Capital.
Também foram
presos no ano passado, o ex-secretário estadual de Fazenda e atual conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Monteiro, o primeiro secretário da
Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Teixeira (DEM), o ex-deputado
estadual Osvane Ramos, o ex-presidente da Fundação de Turismo e ex-prefeito de
Porto Murtinho, Nelson Cintra, o poderoso empresário João Roberto Baird, o Bill
Gates Pantaneiro, e o dono da PSG Informática, Antônio Celso Cortez.
Até o
pecuarista Élvio Rodrigues, que contou com ajuda do Governo do Estado para
desmatar 25 mil hectares no Pantanal, foi preso e ouvido sobre o esquema de
emissão de notas fiscais frias para legalizar o dinheiro da propina.
Na época,
conforme a PF, o esquema causou prejuízo de R$ 207,7 milhões aos cofres
públicos de Mato Grosso do Sul, dinheiro suficiente para a construção de 3,1
mil casas populares e manter o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa
Pedrossian por sete meses.
Reinaldo é o
primeiro governador no cargo a ser alvo de operação de combate à corrupção no
Estado. No ano passado, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na
Governadoria, na residência e nas empresas do tucano.
Ele, a
esposa Fátima Alves Souza e os três filhos tiveram R$ 277 milhões bloqueados
por determinação o STJ no ano passado.
Em Brasília,
a direção nacional da PF não fornece mais informações nem fará a tradicional
entrevista coletiva para dar mais informações sobre a segunda fase da Operação
Vostok, que nem recebeu nova denominação.
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