Felipe Orro foi o
campeão em gasto de janeiro a julho, mas ficou dentro do limite previsto ao
usar 96% dos R$ 254,1 mil permitidos
Os deputados
estaduais elevaram em até 19% o gasto com a atividade parlamentar em Mato
Grosso do Sul em relação ao ano passado, de R$ 30,5 mil para R$ 36,3 mil por
mês. Campeões nos gastos de janeiro a julho deste ano, Felipe Orro (PSDB) e
Márcio Fernandes (MDB) torraram mais R$ 245 mil, o dobro do valor consumido
pelo novato Capitão Contar (PSL), que gastou apenas R$ 123,5 mil no mesmo
período.
Os gastos
dos 24 deputados para custear os trabalhos nos gabinetes somam R$ 4,971 milhões
nos primeiros sete meses do ano. Este valor não está incluído no salário, que
deveria ser de R$ 25.322,25. No final do ano passado, eles aprovaram o reajuste
de 16,37%, elevando para R$ 29,4 mil.
Como a
Assembleia não cumpre a Lei da Transparência, que obriga a divulgação nominal
dos vencimentos, não é possível afirmar qual o valor do subsídio.
O campeão no
gasto com a cota parlamentar é Felipe Orro, que comprovou gasto de R$
245.927,28 de janeiro a julho deste ano. O maior desembolso foi com divulgação
da atividade parlamentar, R$ 57,2 mil, seguido pelo gasto com combustível e
lubrificante, R$ 66,8 mil. O terceiro foi o pagamento de consultoria, R$ 50,78
mil.
O
vice-campeão em gastos é o deputado Márcio Fernandes. O emedebista consumiu R$
85,5 mil com divulgação da atividade parlamentar, que inclui pagamento de
jornais, emissoras de rádio e assessoria de comunicação. Fernandes paga R$ 12
mil por mês com consultoria, que totalizou R$ 84 mil em sete meses.
O menor
gasto é do deputado estadual Renan Contar, o Capitão Contar, eleito na onda que
levou ao poder o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Além de ser campeão de votos,
ele ficou famoso por fazer a campanha em cima de uma motocicleta. Contar usou a
cota parlamentar para comprovar gastos R$ 123,5 mil.
O penúltimo
lugar em gasto ficou com Marçal Filho (PSDB), que utilizou R$ 128,6 mil. O
antepenúltimo ficou Renato Câmara (MDB), com R$ 148 mil. Na média, Contar foi o
que menos utilizou a cota, R$ 20,5 mil por mês, seguido por Câmara, com R$ 21,1
mil, e Marçal, com 21,4 mil.
“Todas as
despesas do meu gabinete são controladas, auditadas e dispostas no portal da
transparência da casa, estando lá para qualquer pessoa fiscalizar. Tenho total
consciência de que esses recursos devem ser usados em forma de serviços para a
população”, explicou Contar.
“Se fui o
que menos gastou, é porque tenho cuidado em fazer pesquisas de preço, otimizar
os trabalhos e jamais desviar a finalidade. Por exemplo, não utilizo verba
pública em impulsionamento das minhas redes sociais, não pago aluguel do meu
escritório e não contrato serviços que não sejam estritamente essenciais para
realizar um mandato coeso, correto e imparcial. Sempre digo que estamos ali
para servir, e não nos servir. E vou enxugar ainda mais, sempre que possível”,
ressaltou o Capitão.
Deputados
gastam R$ 4,9 milhões de janeiro a julho deste ano, confira:
Deputados Gasto
2019
Felipe Orro
(PSDB) 245.927,28
Márcio
Fernandes (MDB) 245.613,73
Paulo Corrêa
(PSDB) 243.182,43
Cabo Almi
(PT) 243.171,34
Pedro Kemp
(PT) 239.419,01
Professor
Rinaldo (PSDB) 237.915,05
Onevan de
Matos (PSDB) 234.180,43
Eduardo
Rocha (MDB) 230.575,83
Londres
Machado (PSD) 215.978,16
Antônio Vaz
(Republicanos) 215.870,65
Gerson Claro
(PP) 215.854,87
Evander
Vendramini (PP) 215.738,15
Lucas Lima
(SD) 215.656,19
Lídio Lopes
(Patri) 212.559,26
Coronel
David (PSL) 211.139,21
Herculano
Borges (SD) 209.395,51
Zé Teixeira
(DEM) 208.308,46
Jamilson
Name (PDT) 206.351,05
Neno Razuk
(PTB) 188.868,42
Barbosinha
(DEM) 187.517,34
João
Henrique (PL) 148.073,31
Renato
Câmara (MDB) 148.038,01
Marçal Filho
(PSDB) 128.625,99
Capitão
Contar (PSL) 123.591,44
Total 4.971.551,12
Fonte:
Portal da Transparência ALMS
Presidente
da Assembleia, Paulo Corrêa teve o 3º maior gasto, com R$ 243,1 mil, mesmo
valor do deputado estadual Cabo Almi (PT). “As minhas despesas são de acordo
com o previsto na legislação”, justificou o petista. “Moro na periferia
mantenho escritório funcionando”, explicou.
“Este ano
estou à frente do debate cota zero e da cadeia produtiva da pesca. Já foram 11
audiências públicas em todo o estado estamos trabalhando e gastando a cota”,
justificou-se o parlamentar.
O Jacaré
procurou o deputado Felipe Orro, por meio da assessoria de imprensa, mas não
houve retorno até a publicação desta matéria.
“Cota do
Exercício da Atividade Parlamentar são os recursos que o Poder Legislativo
repassa para custear os trabalhos dos gabinetes parlamentares. Chama-se
indenizatória porque é liberada após os gastos realizados. A verba
indenizatória é usada para ressarcir despesas com locação de imóveis e de
veículos, material de expediente, combustível e contratação de consultoria,
entre outros”, diz explicação no Portal da Transparência da Assembleia.
Como o valor
teve acréscimo de quase 20% neste ano, os deputados não ultrapassarem o limite
máximo previsto, que é de R$ 254,1 mil em sete meses. Contar utilizou 48% do
valor previsto, enquanto Orro e Fernandes usaram 97% do permitido.
Três deputados
confirmaram que o valor da costa neste ano é de R$ 36,3 mil por mês, contra R$
30,4 mil no ano passado. O Jacaré procurou a mesa diretora, mas a assessoria
não retornou ao pedido de esclarecimentos feitos por whatsapp e e-mail.
Além da
cota, cada deputado tem o salário e mais R$ 85 mil por mês para pagar salários
de assessores.
Paulo Corrêa
ficou em 3º lugar em gastos no legislativo neste ano (Foto: Luciana
Nassar/Arquivo)
Desde o
início do semestre, o legislativo tem discutido medidas polêmicas. Em julho, os
deputados aprovaram a redução de 32,5% nos salários dos professores
temporários.
Na semana
passada, eles aprovaram por 10 votos a 8, o projeto que veta a utilização da
tribuna pelo povo durante as sessões. O púlpito passa a ser espaço restrito de
deputados estaduais, algo semelhante ao direito divino incorporado pelos reis
em tempos sombrios da história da humanidade.
Apesar de
faltar dinheiro para pagar salários de servidores públicos, para comprar
remédios e até pagar promoções previstas em lei, o legislativo elevou o gasto
da cota de R$ 8,7 milhões para R$ 10,4 milhões.
A política
regional vem se consagrando em aprovar benesses para os políticos, mas
sacrifícios ao povo por falta de dinheiro.
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