Há quase 42
anos, Ernesto "Che" Guevara recebeu uma grande dose de seu próprio
remédio. Sem qualquer julgamento, ele
foi declarado um assassino, posto contra um paredão e fuzilado. Historicamente falando, a justiça raramente
foi tão bem feita. Se o ditado
"tudo o que vai, volta" expressa bem uma situação, é esta.
"Execuções?",
gritou Che Guevara enquanto discursava na glorificada Assembléia Geral da ONU, em
9 de dezembro de 1964. "É claro que
executamos!", declarou o ungido, gerando aplausos entusiasmados daquele
venerável órgão. "E continuaremos
executando enquanto for necessário! Essa
é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!"
De acordo com
O Livro Negro do Comunismo, escrito por estudiosos franceses de esquerda (ou
seja, dificilmente uma mera publicação "direitista" ou de
"fanáticos anticastristas de Miami"), ocorreram 14.000 execuções por
fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960. (Slobodan Milosevic, não custa lembrar, foi a
julgamento por ter ordenado 8.000 execuções.
A mesma ONU que aplaudiu delirantemente a orgulhosa declaração de Che
Guevara condenou Milosevic por "genocídio").
"Os
fatos e números são incontestáveis", escreveu ninguém menos que o New York
Times, ícone da esquerda, sobre o "Livro Negro do Comunismo". Jose Vilasuso, um cubano que à época era
promotor dos julgamentos comandados por Guevara, fugiu horrorizado e enojado
com o que presenciou. Ele estima que Che
promulgou mais de 400 sentenças de morte apenas nos primeiros meses em que
comandava a prisão de La Cabaña. Um
padre basco chamado Iaki de Aspiazu, que sempre estava à mão para ouvir
confissões e fazer a extrema unção, diz que Che pessoalmente ordenou 700
execuções por fuzilamento durante esse período.
Já o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che ainda em 1954,
escreveu em seu livro "Yo Soy El Che!" que o número real de pessoas
que Guevara mandou fuzilar é de 1.892.
Em seu
livro, Che Guevara: A Biography, o autor Daniel James escreve que o próprio Che
admitiu ter ordenado "milhares" de execuções durante o primeiro ano
do regime de Fidel Castro. Felix
Rodriguez, o agente cubano-americano da CIA que ajudou a caçar Che na Bolívia e
que foi a última pessoa a interrogá-lo, diz que Che, em sua última conversação,
admitiu "algumas milhares" de execuções. Mas fez pouco caso delas, dizendo que todas
as vítimas eram "espiões imperialistas e agentes da CIA".
"Eu não
preciso de provas para executar um homem", gritou Che para um funcionário
do judiciário cubano em 1959. "Eu
só preciso saber que é necessário executá-lo!"
As vítimas
do regime fidelista, os "inimigos da revolução", foram uns dos mais
empreendedores e valentes lutadores do século XX, junto com os Guerreiros da
Liberdade Húngaros. Eles lutaram valente
e desesperadoramente, mesmo sabendo que praticamente não tinham chances. Eles lutavam até a última bala; e, normalmente,
lutavam até a morte. No final, eram
capturados, amordaçados e fuzilados por Che e seus seguidores.
Os poucos
sobreviventes vivem hoje em lugares como Miami e Nova Jersey, e podem ser
considerados os prisioneiros políticos mais longevos e sofridos da história
moderna. Porém, se você procurar sobre a
história deles na grande mídia, sua empreitada será em vão. Afinal, eles lutaram contra a fina flor do
esquerdismo chique. Sendo assim, o
heroísmo deles não é considerado um drama politicamente correto.
Por outro
lado, a revista Time, por exemplo, classificou honrosamente Che Guevara como
uma das "100 Pessoas Mais Importantes do Século". Não satisfeitos com tão incompleto louvor,
também o colocaram na seção "Heróis e Ícones", ao lado de Anne Frank,
Andrei Sakharov, Rosa Parks e Madre Teresa.
Daqui em diante, as ironias vão ficando mais ricas.
A mais
popular versão da camiseta e do pôster de Che, por exemplo, ostenta o slogan
"Lute Contra a Opressão" sob sua famosa face. Essa é a face de um homem que fundou um
regime que encarcerou mais de seu próprio povo do que Hitler e Stalin, e que
declarou que "o individualismo deve desaparecer!". Em 1959, com a ajuda dos agentes soviéticos
da GRU, o homem celebrado naquela camiseta ajudou a fundar, treinar e a
doutrinar a polícia secreta cubana.
"Sempre interrogue seus prisioneiros à noite", ordenava Che a
seus capangas. "A resistência de um
homem é sempre menor à noite".
Hoje, um mural com o retrato de Che — o maior do mundo — adorna o
Ministério do Interior, que é o quartel-general do KGB cubana — a polícia
secreta treinada pela STASI. Nada
poderia ser mais apropriado.
O boxeador
Mike Tyson costumava comemorar suas vitórias erguendo seus braços em
triunfo. Em 2002, ele visitou Cuba e
tatuou uma enorme imagem de Che em seu torso.
Desde então, ele tem sido horrível e impiedosamente surrado em
absolutamente todas as suas lutas, um processo que é uma mímica perfeita do
histórico de combate de seu ídolo. Que
Mike Tyson aprenda: Che era de fato muito proficiente em castigar seus
inimigos, milhares deles, mas somente após estes estarem devidamente amarrados,
amordaçados e vendados — e creio que a Federação Nacional de Boxe não vai
permitir isso.
Quando a
intelligentsia e todo o beautiful people presente no Festival de Cinema de
Sundance (que incluía variedades como Al Gore, Sharon Stone, Meryl Streep e
Paris Hilton) explodiu numa extasiante ovação ao filme Diários de Motocicleta,
eles estavam aclamando um filme que glorificava um homem que havia encarcerado
ou exilado os melhores escritores, poetas e cineastas independentes de Cuba, ao
mesmo tempo em que transformava a imprensa e o cinema — tudo sob a mira de
metralhadores tchecas — em agências de propaganda do regime stalinista.
O produtor
executivo do filme, Robert Redford (que sempre inicia os festivais discursando
longamente sobre a importância da liberdade artística), foi obrigado a exibir o
filme para Fidel Castro e para a viúva de Che (que chefia o Centro de Estudos
Che Guevara, em Cuba) antes de seu lançamento oficial, para ver se ambos
aprovariam o resultado. Até onde se
sabe, não houve gritos e protestos de "censura!" e
"vendido!" para Redford.
As tietes de
Che são muitas e variadas. Christopher
Hitchens, por exemplo, se maravilha com a "indomável rebeldia" de Che
e nos assegura em seu mesmo artigo no New York Times que "Che não era um
hipócrita". "1968 na verdade
começou em 1967, com a morte de Che", reconta Hitchens. "Sua morte significou muito pra mim, e
para muitos como eu, na época. Ele era
um modelo para todos".
Johnny Depp
gosta de ostentar o rosto de Che em seus pingentes, blusas e bandanas. Tivesse ele nascido duas décadas antes em
Cuba e tentasse ostentar esse estilo rebelde que lhe é peculiar, certamente teria
sido enviado para um campo de concentração, onde seria obrigado a cavar fossos
e túmulos — um sistema que foi criado pela primeira vez na América Latina
exatamente pelo homem glorificado em seus adornos.
Já o célebre
historiador Benicio Del Toro, que acaba de estrelar um filme no papel de seu
herói, diz que "Che foi um daqueles caras que falavam e faziam. Era coerente.
Sempre tem algo de cool em pessoas assim. Quanto mais vou conhecendo Che, mais o
respeito".
Aparentemente
Del Toro se entusiasmou tanto com a imagem cool de Che que esqueceu-se de
examinar seu histórico, como comprova esse constrangedor vídeo em que uma
jornalista cubana radicada em Miami humilha Del Toro, expondo toda sua
ignorância sobre o passado de Che.
Nenhuma
pessoa em seu perfeito juízo vestiria uma camiseta estampando o rosto de
Che. E nenhuma pessoa decente toleraria
essa camisa em seus arredores. Porém, a
gravura de Che Guevara é considerada a imagem mais reproduzida do século,
embelezando desde camisetas e pôsteres, até biquínis e skates, passando por
celulares e fraldas. Hollywood o
glorifica em grandes produções e a revista Time o celebra como um ícone da
mesma grandeza de Madre Teresa.
Quem foi Che
Guevara?
Mas como um
sujeito horrendo, vazio, estúpido, sádico e epicamente idiota conseguiu um
status tão icônico?
A resposta é
que esse nômade psicótico e completamente inexpressivo chamado Ernesto Guevara
teve a magnífica sorte de associar-se ao maior assessor de imprensa da história
moderna, Fidel Castro, que por meio século sempre foi capaz de manter toda a
imprensa mundial diligentemente à espera de diretivas, correndo para ele a cada
chamado seu, como pombos treinados. Caso
Ernesto Guevara De La Serna y Lynch não tivesse se juntado a Raul e Fidel
Castro na Cidade do México naquele fatídico verão de 1955; caso ele não tivesse
se associado, um ano antes, a um exilado cubano na Guatemala chamado Nico
Lopez, que mais tarde o apresentou a Raul e Fidel Castro na Cidade do México;
tudo indica que Ernesto continuaria vivendo sua vida de viajante vagabundo,
mendigando e molestando mulheres, dormindo em albergues inabitáveis e
escrevendo poesia ilegível.
"Estou
aqui nas montanhas de Cuba sedento por sangue", escreveu Che para a sua
esposa abandonada em 1957. "Querido
pai, hoje descobri que realmente gosto de matar", escreveu logo
depois. O detalhe é que essa matança de
que ele gostava muito raramente era feita em combate; o que ele gostava mesmo
era de matar à queima-roupa homens e garotos amarrados e vendados.
"Quando
você via aquele olhar extasiado em sua face, enquanto as vítimas eram amarradas
aos postes e logo em seguido estouradas", disse a esse escritor um
ex-prisioneiro político, "você percebia que havia algum distúrbio
seriamente grave em Che Guevara".
De fato, a única façanha genuína na vida de Che Guevara foi o homicídio
em massa de homens e garotos indefesos.
De sua própria arma, dezenas morreram.
Sob suas ordens, milhares foram aniquilados. Em tudo o mais que fez, Che fracassou
abismalmente, até hilariamente. (Em um
episódio cômico, durante a invasão da Baía dos Porcos, Che e seus homens
estavam em um lugar completamente diferente da parte da ilha em que estava
ocorrendo a ação. Mesmo assim, alguns
exilados cubanos mandaram em sua direção um pequeno barco carregado de fogos de
artifício, uma mera tática de distração.
O despreparado Che, liderando seus homens para uma ofensiva contra um
barco completamente vazio, conseguiu a façanha de atirar em si próprio,
acertando sua mandíbula. Deve ser um
caso raro de um soldado que se fere sozinho com sua arma quando não há inimigo
algum por perto...)
Seus
escritos revelam um jovem severamente problemático. "Minhas narinas se dilatam quando
aprecio o odor acre da pólvora e do sangue.
Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer
inimigo que caia em minha mãos! Com a
morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao
proletariado triunfante com um berro bestial!"
O termo
"ódio" era uma constante em seus escritos: "Ódio como um
elemento de luta"; "um ódio
que é intransigente"; "um ódio que é tão violento que impulsiona um
ser humano para além de suas limitações naturais, fazendo dele uma violenta e
fria máquina de matar."
Dentre suas
perturbadas fantasias, a mais proeminente era a implementação de um reino
continental stalinista. Para atingir
esse ideal, o jovem problemático almejava "milhões de vítimas
atômicas".
O perturbado
jovem argentino também era arredio e desprezava todos ao seu redor: "Não
tenho casa, não tenho mulher, não tenho pai, não tenho mãe, não tenho
irmãos. Meus amigos só são amigos quando
eles pensam ideologicamente como eu".
Felizmente
para ele, quando ainda era um vagabundo na Cidade do México, teve a sorte de
encontrar um homem cujo julgamento sobre a psique humana era extremamente
perspicaz. Este homem, um exilado
cubano, diagnosticou corretamente a psicose do argentino e fez uma
"intervenção" no momento certo, canalizando os talentos e anseios
deste jovem problemático para fins considerados construtivos pela
intelligentsia mundial: o estabelecimento do stalinismo.
Rapidamente
o argentino se viu lucrativamente empregado em Cuba. Seu intenso desejo por sangue foi amplamente
satisfeito no extermínio de cubanos anticomunistas, uma espécie mamária que os
iluminados de todo o mundo consideram uma peste insuportável.
De início, o
perturbado jovem argentino assumiu o papel de principal executor dos homicídios
em massa de cubanos indefesos, estraçalhando os crânios de suas vítimas — que
jaziam convulsionadas no chão — com tiros de sua própria pistola. Mas dado o aumento no volume de serviço, a
tarefa acabou se tornando fatigante, o que fez com que o argentino designasse
alguns capangas cubanos para o trabalho, facilitando dessa forma a matança em
série.
Não que ele
tenha se distanciado da carnificina. Na
realidade, ele se deliciava tanto com o processo que uma janela especial foi
construída em seu escritório, permitindo que ele visse e se regozijasse com a
orgia sangrenta no campo logo abaixo de sua janela.
Em um famoso
discurso em 1961, Che denunciou o "espírito de rebeldia" como sendo
algo "repreensível". "A
juventude deve abster-se de questionar de modo ingrato as ordens
governamentais", ordenou Guevara.
"Em vez disso, ela deve se dedicar completamente aos estudos
(marxistas), ao trabalho (para o governo) e ao serviço militar (para matar os
desobedientes)".
E ai
daqueles jovens "que ficarem acordados até tarde da noite e chegarem
atrasados para o trabalho (forçado pelo governo)". Os jovens, escreveu Guevara, "devem
aprender a pensar e a agir como uma massa única". "Aqueles que escolherem o próprio
caminho" (como deixar o cabelo crescer e ouvir música imperialista ianque)
serão denunciados como "dejetos" e "delinquentes". Em seu famoso discurso, Che Guevara até mesmo
jurou "fazer com que o individualismo desapareça de Cuba! É criminoso pensar como indivíduos!"
Dezenas de
milhares de jovens cubanos aprenderam que as ameaças de Che Guevara eram mais
do que mera linguagem bombástica.
Centenas de soviéticos do KGB e "consultores" da STASI da
Alemanha Oriental, que inundaram Cuba no início da década de 1960, encontraram
em Guevara um acólito extremamente zeloso.
Já em meados dos anos 60, o crime de se parecer com um
"roqueiro" ou ter um comportamento efeminado fez com que a polícia
secreta cubana retirasse das ruas e parques de Cuba milhares de jovens e os
jogassem em campos de concentração que tinham os dizeres "O Trabalho Fará
de Você um Homem" em seu portão principal, bem como homens com
metralhadoras localizados estrategicamente em torres de observação. As iniciais desses campos eram UMAP, mas eles
em nada diferiam de um GULAG.
Cuba antes da
revolução
O mito
popular é que Cuba era um país com uma economia desintegrada e que Fidel
melhorou a vida dos cubanos. Será?
Nos meses
seguintes à revolução cubana, por exemplo, o economista tcheco Radoslav Selucky
visitou Cuba e tomou um susto: "Pensávamos
que Cuba fosse um país subdesenvolvido que tivesse apenas algumas refinarias de
açúcar!", escreveu quando voltou a Praga.
"Mas não! Quase 25% da força
de trabalho de Cuba estava empregada na indústria, onde os salários eram iguais
aos salários pagos nos EUA!"
Agora, eis
as palavras do próprio Che Guevara em 1961, após retornar a Cuba, junto com
seus subordinados, de uma longa viagem ao Leste Europeu: "Não podemos
dizer que só vimos maravilhas naqueles países", admitiu Che. (Considerando-se a natural propensão do povo
cubano para o sarcasmo, é provável que Che tenha dito isso em resposta às
zombarias e risadas de seus subalternos, que possivelmente ridicularizaram as —
para eles — patéticas condições socioeconômicas das principais capitais do Leste
Europeu — as quais Cuba deveria emular!)
"É
natural que, para um cubano do século XX, acostumado a todos os luxos que o
imperialismo lhe deu", escreveu Che Guevara, "muito do que ele viu
(no Leste Europeu) parecesse-lhe algo típico de países subdesenvolvidos".
Mas não se
intimide! Logo após se tornar ministro
da economia de Cuba, Guevara já tinha planejado como tirar aquele sorriso de
escárnio do rosto dos cubanos.
Como o Czar
da economia cubana, Che transformou uma nação que tinha uma renda per capita
maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente,
uma classe média maior que a da Suíça, um enorme fluxo de imigrantes e cujos
trabalhadores desfrutavam a oitava maior taxa salarial do mundo, em uma nação
que causa repúdio até nos haitianos. E
isso mesmo após receberem abundantes subsídios dos soviéticos, cujo total foi
igual a dez Planos Marshall (isso para uma nação de apenas 6,4 milhões de
habitantes) — um feito econômico que desafia não somente as leis econômicas mas
que também parece desafiar a física. Se
tem uma coisa com que os exilados cubanos concordam inteiramente com Fidel e
Che é que eles são ícones do Terceiro Mundo.
Afinal, ambos certamente conseguiram o feito aparentemente impossível de
converter Cuba em uma nação do Terceiro Mundo.
Utilizemos
agora um estudo da ONU (ninguém menos!) sobre Cuba, de 1958. "Cuba possui uma enorme vantagem em sua
integração nacional — em comparação aos outros países da América Latina — por
causa de sua enorme e homogênea base de imigrantes espanhóis brancos. A pequena população negra de Cuba também é
culturalmente integrada. Aqueles modos
de produção feudal que existem no resto da América Latina não existem em Cuba. O camponês cubano não se parece com o
camponês do resto da América Latina, que está preso à terra, é tradicionalista
e se opõe às inovações que o levariam a uma economia de mercado. O camponês cubano, em todos os aspectos, é um
homem moderno. Ele possui um nível educacional
e uma familiaridade com métodos modernos que não é vista no resto da América
Latina".
Outra
verdade escondida: "os trabalhadores pobres" não tiveram participação
alguma na Revolução Cubana. A rebelião
anti-Batista foi liderada e composta predominantemente por membros da classe
média cubana, principalmente da classe média alta. Em agosto de 1957, o movimento rebelde
liderado por Fidel organizou uma "Greve Nacional" contra a ditadura
de Batista — e ameaçou matar os trabalhadores que aparecessem para trabalhar. A "Greve Nacional" foi
completamente ignorada.
Outra greve foi
organizada para o dia 9 de abril de 1958.
E novamente os trabalhadores cubanos ignoraram solenemente seus
"libertadores", comparecendo em massa para trabalhar.
Eis um outro
relatório, agora da UNESCO, sobre Cuba, em 1957: "Uma característica da
estrutura social de Cuba é sua grande classe média", começa o
relatório. "Os trabalhadores
cubanos são mais sindicalizados (proporcionalmente à sua população) do que os
trabalhadores americanos. O salário
médio para uma jornada de 8 horas diárias em Cuba em 1957 é maior do que para
os trabalhadores da Bélgica, Dinamarca, França e Alemanha. A mão-de-obra cubana recebe 66,6% da renda
interna bruta. Nos EUA, esse valor é de
70% e na Suíça, 64%. 44% dos cubanos são
atendidos pela legislação social, uma porcentagem maior que a dos EUA."
Em 1958,
Cuba tinha uma renda per capita maior que a da Áustria e do Japão. Os trabalhadores da indústria cubana recebiam
o oitavo maior salário do mundo. Na
década de 50, os estivadores cubanos ganhavam mais por hora do que seus
equivalentes em Nova Orleans e em São Francisco. Cuba já havia estabelecido a jornada de 8
horas diárias em 1933 — cinco anos antes de Roosevelt e seu New Deal imporem a
mesma regra. E mais: um mês de férias
pagas. As tão aclamadas (pela esquerda)
socialdemocracias da Europa só conseguiram implementar esse sistema 30 anos
depois.
A
mortalidade infantil em 1958 era a 13ª mais baixa — não da América Latina ou do
Ocidente, mas do mundo. O analfabetismo
já estava quase erradicado. Cuba era o
país que mais gastava (23% do orçamento) com educação pública em toda a América
Latina. Mais ainda: os cubanos não eram
apenas alfabetizados; eram também cultos.
Podiam ler George Orwell e Thomas Jefferson, bem como a arrebatadora
sabedoria e cintilante prosa de Che Guevara.
A rebelião
anti-Batista (e não revolução), como dito, estava apinhada de universitários e
profissionais liberais. Advogados
desempregados abundavam (Fidel Castro, por exemplo). Observe a composição do primeiro gabinete da
"revolução camponesa", composta pelos líderes do movimento
anti-Batista: 7 advogados, 2 professores universitários, 3 estudantes
universitários, 1 médico, 1 engenheiro, 1 arquiteto, 1 ex-prefeito e coronel
que desertou do exército de Batista. Um
grupo notoriamente "burguês", como poderia dizer Che.
Já em 1961,
entretanto, operários e campesinos formavam a grande maioria dos rebeldes
anti-Castro, principalmente as guerrilhas das montanhas Escambray. Quem é que já ouviu falar de camponeses
pobres lutando contra seus benfeitores Fidel e Che?
Antes de
Castro tomar o poder, Cuba recebia mais imigrantes (principalmente da Europa)
em proporção à sua população do que os EUA.
E mais americanos viviam em Cuba do que cubanos viviam nos EUA. Ademais, naquela época, pneus, barris e caixas
de isopor eram apenas isso, e não itens estimados no mercado negro para serem
utilizados como dispositivos de flutuação marítima, sujeitando seus usuários —
ingratos que fogem de seus libertadores — a tubarões e intempéries da natureza.
Em 1958, Cuba
passava por uma rebelião, não uma revolução.
Os cubanos queriam mudanças políticas e não um cataclisma
socioeconômico.
É uma
questão de história o fato de que em janeiro de 1959 os EUA deram seu
reconhecimento diplomático ao regime de Fidel/Che mais rapidamente do que
reconheceram o de Batista em 1952. Os
arquivos do Departamento de Estado americano também mostram que os EUA
impuseram um embargo de armas ao governo Batista e se recusaram a enviar armas
pelas quais o governo cubano já havia pagado.
Os arquivos oficiais também documentam que o embaixador americano Earl
T. Smith avisou pessoalmente Batista que ele não mais tinha o apoio do governo
americano, que recomendava fortemente que ele deixasse Cuba. Batista teve seu asilo político negado nos
EUA.
Em 2001, em
uma visita a Havana para uma conferência com Fidel Castro, Roberto Reynolds, o
agente da CIA para o Caribe, responsável pelo gerenciamento da Revolução Cubana
entre 1957 e 1960, declarou orgulhosamente que "Eu e toda a minha equipe
éramos fidelistas".
Robert
Weicha, ex-agente da CIA lotado em Santiago de Cuba declarou que "Todos na
CIA e todos no Departamento de Estado eram pró-Castro, exceto o embaixador Earl
Smith."
Não
obstante, você aprendeu em seus livros de história que "Che Guevara ajudou
a derrubar o ditador cubano Fulgencio Batista, que era apoiado pelos EUA".
A Cuba de
Fidel
A influência
que Fidel Castro exerce sobre a intelligentsia só pode ser descrita como
mágica, o que torna qualquer avaliação pública de seu regime por esses
iluminados completamente despida de lógica.
A saber:
Ele
encarcerou e torturou a uma taxa maior do que Stalin e se recusa
(diferentemente da África do Sul do apartheid, do Chile de Pinochet e da
Nicarágua de Somoza) a permitir que a Anistia Internacional ou a Cruz Vermelha
inspecionem suas prisões. Não obstante,
Cuba ocupou a cadeira do Comitê de Direitos Humanos da ONU, e quando de sua
visita a Nova York como o palestrante principal em 1995, a revista Newsweek
aclamou Castro como "O Ticket Mais Quente de Manhattan", e a Time
disse que ele era "A Celebridade de Manhattan", em referência ao
enxame de pessoas da alta sociedade que o rodeavam e bajulavam pedindo
autógrafos.
Seu código
penal ordena 2 anos de prisão para qualquer um que seja ouvido fazendo uma
piada qualquer sobre ele. Não obstante,
Jack Nicholson e Chevy Chase constantemente cantam-lhe glórias.
Ele aboliu o
habeas corpus e o seu principal executor (o próprio Che Guevara) declarou que
"evidências jurídicas são um arcaico detalhe burguês". Não obstante, a Escola de Direito de Harvard
convidou-o como palestrante de honra e constrangedoramente irrompia em aplausos
estrepitosos e ovações tumultuadas a cada três frases dele.
Ele expulsou
uma maior porcentagem de judeus de Cuba do que o Czar Nicolau da Rússia. Entretanto, o fundador da Shoah Foundation,
Steven Spielberg, considera o jantar que teve com Fidel "as oito horas
mais importantes da minha vida".
Ele é o
filho de um soldado europeu, branco como o lírio, que forçosamente derrubou um
governo cubano em que negros ocupavam os cargos de presidente do Senado,
ministro da Agricultura, ministro do Exército e Chefe de Estado (Fulgencio
Batista, neto de escravos, nasceu em uma choupana com teto de palmeira). Ele encarcerou um prisioneiro político negro
pelo período mais longo da história moderna (Eusebio Penalver, que sofreu mais
tempo na masmorra de Castro do que Nelson Mandela sofreu nas masmorras da
África do Sul). Hoje, de toda a
população presa na Cuba stalinista/apartheidiana, 90% é composta por negros, ao
passo que apenas 9% dos integrantes do partido stalinista dominante são
negros. Ele sentenciou outros negros
(Dr. Elias Biscet, Jorge Antunez) a 20 anos de prisão apenas por terem citado
frases de Martin Luther King em praça pública.
Não obstante, é tido como herói por negros como Danny Glover, Jesse
Jackson e Charles Rangel, que não hesitam em dar-lhes fortes abraços.
Apesar de
ter transformado uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade
dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média
maior que a da Suíça e um enorme influxo de imigrantes em uma nação que causa
repúdio até nos haitianos, Colin Powell e o London Times reconhecem "as
conquistas sociais da revolução fidelista".
Hoje,
trata-se de um regime que prende qualquer um que tente viajar de uma província
de Cuba a outra sem os devidos "papeis" fornecidos pelo estado
policial, e que metralha qualquer um que tentar sair do país.
Os feitos de
Che
Ernesto
"Che" Guevara era o vice-comandante, o carrasco-chefe e o principal
contato do KGB em um regime que proibiu eleições e aboliu a propriedade
privada. A polícia desse regime,
supervisionada pelo KGB e empregando a tática da "visita da
meia-noite" e do "ataque pela manhã", capturou e enjaulou mais
prisioneiros políticos em proporção à população do que Stalin e executou mais
pessoas (em uma população de apenas 6,4 milhões) em seus primeiros 3 anos no
poder do que Hitler (que comandava uma população de 70 milhões) em seus
primeiros 6 anos.
O regime que
Che Guevara ajudou a fundar confiscou a poupança e a propriedade de 6,4 milhões
de cidadãos e tornou refugiada 20% da população de uma nação até então inundada
de imigrantes e cujos cidadãos haviam atingido um padrão de vida maior do que o
padrão daqueles que residiam em metade da Europa. O regime de Che Guevara também destroçou —
por meio de execuções, encarceramentos, expropriação em massa e exílio —
virtualmente cada família da ilha cubana.
Muitos oponentes do regime podem ser classificados como os prisioneiros
políticos mais longevos da história moderna, tendo sofrido no Gulag guevarista
— campos de concentração, trabalhos forçados e câmaras de tortura — durante um
período de tempo três vezes maior do que Alexander Solzhenitsyn sofreu no Gulag
stalinista.
Com apenas
uma semana no poder, Che já havia abolido o habeas corpus. Além de afirmar que evidências judiciais eram
detalhes burgueses arcaicos, ele complementava garbosamente dizendo que
"executamos por convicção revolucionária!". Edwin Tetlow, correspondente do Daily
Telegraph londrino em Havana, relatou sobre um "julgamento" em massa orquestrado
por Che em que as sentenças de morte já estavam postadas em um quadro antes do
julgamento começar.
Ele assinava
seu nome como "Stalin II", professava que "as soluções para o
mundo estão atrás da Cortina de Ferro", e dizia confiantemente que "se
os mísseis nucleares tivessem permanecido em Cuba, teríamos disparado contra o
coração dos EUA, incluindo Nova York".
Ele também afirmava que pela vitória do socialismo era válido ter
"milhões de vítimas atômicas".
Imediatamente
após marchar vitorioso em Havana, Guevara saqueou e depois se mudou para aquela
que provavelmente era a mais luxuosa mansão de Cuba. O proprietário dela havia conseguido fugir do
país após ser caçado por um pelotão de fuzilamento, e o repórter que escreveu
sobre a nova casa de Che em um jornal cubano foi ameaçado de morte por
fuzilamento. Um ano depois, milhares de
cubanos foram mandados para campos de trabalho forçado sob ordens de Che, tudo
baseado em seu desejo de moldar "um novo homem".
Comemorou
efusivamente a invasão soviética e o consequente massacre de milhões de
húngaros que resistiram ao imperialismo russo.
De acordo com Guevara, aqueles húngaros que lutavam pela liberdade e
resistiam à escravidão eram todos "fascistas e agentes da CIA".
Apesar de
seus fãs dizerem pomposamente que ele foi um médico formado, ninguém até hoje,
após inúmeras tentativas, conseguiu localizar qualquer histórico sobre seu
diploma de medicina. Logo após ser
capturado na Bolívia, Che admitiu para o comandante da operação, o Capitão Gary
Prado, que ele não era médico, mas tinha "algum conhecimento de
medicina".
Dois heróis
Zoila Aguila
Em sua
campanha de realocação e concentração de prisioneiros — que apequenava tudo que
os britânicos fizeram aos Bôeres — os garbosos comunistas saquearam centenas de
milhares de cubanos, despojando-os de suas casas e agrupando-os em campos de
concentração no lado oposto de Cuba.
Tive a oportunidade de entrevistar várias dessas famílias
"realocadas".
Uma dessas
cubanas, esposa de um trabalhador rural, recusou-se a ser realocada. Após seu marido, filhos e sobrinhos terem
sido todos assassinados pelo Galante Che e seus capangas, ela conseguiu
apoderar-se de uma submetralhadora e de um pente de balas e se refugiou nas
montanhas. Ela acabou se tornando uma
rebelde. Os cubanos a conhecem como La
Niña Del Escambray.
Ela passou
um ano embrenhada nas montanhas, fugindo dos comunistas que varreram todas as
localidades à sua procura. Até que um
dia seu suprimento de munição acabou e os vermelhos a capturaram. Espantosamente, ela não foi executada (Che
deve ter tirado um dia de folga), porém, durante anos, La Niña sofreu
horrivelmente nas masmorras de Fidel (você pode ler as descrições das torturas
aqui). Após ser solta, refugiou-se em
Miami (na década de 60 ainda se podia sair de Cuba).
Você acha
que tal história é louvada por Oprah Winfrey?
Acha que Hollywood está interessada em narrá-la, tendo Susan Sarandon no
papel principal? Pense bem: temos aqui
um dos temas favoritos dos produtores de Hollywood e das feministas em geral: a
mulher brava e lutadora. Dificilmente
uma mulher pode ser mais aguerrida do que Zoila Aguila, seu nome
verdadeiro. Se ela tivesse lutado
contra, digamos, Pinochet ou Somoza, certamente Hollywood e os editores de
livros estariam dedicando toda atenção a ela.
Mas como ela lutou contra os garotos mais fotogênicos e queridos da
esquerda, naturalmente ninguém nunca ouviu falar dela.
Tony Flores
Após chegar
a Havana em janeiro de 1959, Che Guevara imediatamente percebeu que o fosso ao
redor da fortaleza La Cabaña era uma cova perfeita para jogar seus
executados. Em Babi-Yar, em Kiev, a SS
de Hitler teve de cavar suas fossas. Em
La Cabaña, Che Guevara havia encontrado uma já pronta.
Em 1961, um
garoto de 20 anos chamado Tony Chao Flores, utilizando muletas e mancando
pesadamente, chegou ao local onde seria executado. Ele já havia tomado 17 tiros de metralhadoras
tchecas quando os capangas de Fidel e Che o capturaram. No caminho para esse seu local de execução,
que ficava na velha fortaleza espanhola transformada em prisão e em centro de
execução por Che Guevara, Tony foi forçado a descer mancando, sem quaisquer
condições físicas e utilizando apenas muletas, uma longa escada feita de pedras
esquadradas. Tony tropeçou, caiu e foi
rolando a longa escadaria, até finalmente chegar ao chão, debatendo-se e
gritando de dor. Uma das pernas de Tony,
completamente baleada por metralhadoras, havia sido amputada, e a outra estava
gangrenada e coberta de pus. Os guardas
fidelistas, gargalhando, foram na direção de Tony para amordaçá-lo para que ele
parasse de gritar.
Enquanto
eles se aproximavam, Tony cerrou o punho de sua única mão que ainda estava
boa. Quando o primeiro vermelho se
aproximou dele — BASH! — Tony deu-lhe um soco bem no olho.
"Nunca
consegui entender como Tony conseguiu sobreviver àquela surra", disse
Hiram Gonzalez, testemunha e ex-prisioneiro político, que observou toda a cena
de sua cela na prisão de La Cabaña. O aleijado Tony quase foi morto no
espancamento que se originou a seguir, que envolveu chutes, socos e golpes de
arma. Até que finalmente seus agressores
se levantaram ofegantes, esfregando seus arranhões e machucados. Eles haviam conseguido amordaçar a boca do
garoto, mas Tony conseguiu empurrar os guardas antes que eles conseguissem
amarrar suas mãos. O comandante Guevara
ordenou que seus capangas se mantivessem afastados de Tony, ainda no chão e com
a boca amordaçada.
Tony começou
a rastejar em direção ao já estilhaçado e ensanguentado poste de execução, que
estava a uns 45 metros de distância. Ele
foi se arrastando lentamente utilizando suas mãos, enquanto o toco do que
restou da sua perna ia deixando um rastro de sangue na grama. Quando chegou perto do poste, ele parou,
virou-se para seus executores e começou a bater no próprio peito. Os capangas ficaram perplexos. O garoto aleijado estava tentando dizer
alguma coisa. Mas sua mensagem estava
abafada pela mordaça que o ídolo de Benicio Del Toro havia tornado obrigatória
para suas milhares de vítimas.
A expressão
de dor e os olhos brilhantes de Tony diziam tudo. Mas ninguém conseguia entender os murmúrios
do garoto. Tony continuava batendo no
peito, fechando seus olhos com força por causa da dor intensa oriunda de seu
esforço. Seus executores ficaram
nervosos, sem saber o que fazer.
Levantaram e abaixaram seus rifles seguidas vezes. Olharam para seu comandante, que deu de
ombros. Finalmente Tony levou a mão à
sua face e arrancou a mordaça que o garoto propaganda de Del Toro havia mandado
pôr nele.
A voz do
guerreiro de 20 anos saiu num grito forte: "Atire BEM AQUI!", urrou
Tony para seus boquiabertos carrascos.
Sua voz foi um estrondo e sua cabeça se inclinou para trás como
consequência do esforço. "Bem aqui
no PEITO!", gritou Tony. "Como
um HOMEM!" Tony rasgou sua blusa,
bateu em seu peito e com uma forte expressão de dor gritou para seus
embasbacados executores: "Bem AQUI!".
Em seu
último dia de vida, quando estava na prisão, Tony recebeu uma carta de sua mãe:
"Meu querido filho, quantas vezes havia lhe falado para não se envolver
com essas coisas... Mas eu sabia que minhas súplicas eram em vão. Você sempre lutou por sua liberdade, Tony,
mesmo quando ainda era uma criança.
Portanto eu sabia que você jamais toleraria o comunismo. Castro e Che enfim pegaram você. Meu filho, amo você do fundo do meu
coração. Minha vida agora está em
pedaços e nunca mais será a mesma. A
única coisa que resta agora, Tony... é morrer como um homem".
"FUEGO!!!",
gritou Che. As balas despedaçaram o
corpo mutilado de Tony, logo após ele ter chegado ao poste, se erguido por
conta própria e encarado resolutamente seus assassinos. Mas o pelotão de fuzilamento de Che estava
acostumado a matar pessoas que estavam de pé.
Por estar sem uma perna, Tony era um alvo mais difícil. Assim, boa parte da saraivada de balas não
acertou o jovem. Ainda vivo, era a hora
do golpe de misericórdia.
Normalmente,
um projétil de .45 é suficiente para esmagar um crânio. De acordo com testemunhas, três foram
despejadas no crânio de Tony. Parece que
a mão do carrasco estava tremendo muito.
Mas finalmente conseguiram matá-lo.
O homem que a revista Time aclama como sendo um dos "heróis e
ícones do Século" adicionava mais uma vítima à sua coleção. Mais um inimigo despachado — amarrado e
amordaçado, como de costume.
Fidel e Che
tinham por volta de 35 anos quando mataram Tony. De acordo com o Livro Negro do Comunismo, seu
pelotão de fuzilamento matou outros 14.000 guerreiros da liberdade, todos
devidamente amarrados e amordaçados.
Muitos (talvez a maioria) de suas vítimas eram jovens por volta de 20
anos. Alguns eram ainda mais novos.
O fim de Che
Durante todo
esse processo, o argentino estava ajudando seu mentor cubano a estabelecer um
controle feudal e pessoal que se comprovaria bastante duradouro. Porém, o que pouco se comenta é que a
utilidade do argentino para seu mentor não era absolutamente nada duradoura — e
logo seu "martírio" passou a ser habilmente planejado.
Pena que Del
Toro e Steven Sorderbergh, diretor de seu novo filme Che — O Argentino, não
tenham entrevistado os ex-funcionários da CIA que revelaram a esse escritor
como o próprio Fidel Castro, por meio do Partido Comunista Boliviano,
constantemente informava a CIA sobre os paradeiros de Che na Bolívia. As diretivas de Fidel para os comunistas
bolivianos em relação a Che e seu bando eram claras. "Nem mesmo uma
aspirina", instruiu o líder máximo de Cuba a seus camaradas bolivianos, o
que significa que os comunistas da Bolívia estavam proibidos de auxiliar Che de
qualquer forma — "nem mesmo com uma aspirina", caso Che reclamasse
alguma dor de cabeça.
Ainda antes
da Revolução, quando estavam em um barco decrépito navegando nas águas
turbulentas que ligam Yucatán até a província Oriente, em Cuba, um dos rebeldes
encontrou Che caído inconsciente na cabine do barco. Ele correu para avisar o Comandante:
"Fidel, parece que Che está morto!"
"Bom,
se ele está morto", respondeu Castro, "então joguem-no ao
mar". Na verdade, Guevara estava
sofrendo dos efeitos combinados de um enjôo marítimo e um ataque de asma. Che nunca foi considerado um membro
inestimável por Fidel.
Mais do que
sua crueldade, megalomania e estupidez épica, o que mais distinguia Ernesto
"Che" Guevara de seus companheiros era sua manhosa covardia. Suas tietes podem ficar zangadas o quanto
quiserem, bater a porta do quarto, cair na cama, espernear e chorar
abraçadinhas com o travesseiro, mas o fato é que Che se entregou
voluntariamente ao exército boliviano e a uma distância segura. Foi capturado em ótimas condições físicas e
com sua arma completamente carregada.
Um dia antes
de sua morte na Bolívia, Che Guevara, pela primeira vez em sua vida, finalmente
enfrentou algo que podia ser adequadamente chamado de combate. Então ele ordenou a seus guerrilheiros que
não cedessem um milímetro, que lutassem até o último suspiro e até a última
bala.
Com seus
homens fazendo exatamente o que ele ordenou (lutando e morrendo até a última
bala), um Che ligeiramente ferido evadiu-se do tiroteio e se entregou com um
pente cheio de balas em sua pistola, enquanto choramingava manhosamente para
seus capturadores: "Não atirem! Sou Che! Valho mais para vocês vivo do que
morto!"
E então ele
rebaixou-se desavergonhadamente, tentando desesperadamente se engraçar:
"Qual é o seu nome, meu jovem?", perguntou Che a um de seus
capturadores. "Ora, mas que nome bonito para um soldado boliviano!"
E mais
tarde: "E então, o que eles vão fazer comigo?", perguntou Che ao
capitão boliviano Gary Prado. "Não
creio que irão me matar. Certamente sou
muito mais valioso vivo... E o senhor,
capitão Prado", adulou Che, "o senhor é uma pessoa muito especial...
Andei conversando com alguns de seus homens.
Todos lhe têm em alta estima, capitão!
E não se preocupe, tudo isso aqui acabou. Nós fracassamos." E então, para adular ainda mais, "seu
exército nos perseguiu muito obstinadamente ... agora, será que o senhor por
favor poderia descobrir o que eles planejam fazer comigo?"
O prazer que
Che Guevara tinha em matar cubanos só era possível porque esses cubanos estavam
completamente indefesos no momento.
Amarrados e vendados, de preferência.
E dessa forma eles eram alinhados de frente para o pelotão de
fuzilamento e executados. Porém, quando
o cenário se alterou e as armas de fogo estavam em posse de outros, o argentino
tremeu de medo.
Compare a
morte de Tony Chao Flores — "Atire bem aqui! Como um homem!" — com a
captura de Guevara: "Não atirem!
Sou Che! Valho mais para vocês vivo do que morto!"
E então
pergunte a si próprio: quem deveria ter sua face exposta em camisetas vestidas
por jovens que gostam de fantasiar, se imaginarem rebeldes, bravos e adoradores
da liberdade? Quem merece um filme de
Hollywood?
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