O que
diferencia um pecador de um corrupto é que o pecador pode buscar a misericórdia
do Senhor Deus, mas o corrupto não busca o Senhor Deus verdadeiro, porque ele
idolatra um outro deus: o deus dinheiro.
Foi o que
disse o Papa Francisco na manhã de hoje ao celebrar a missa na capela de sua
residência, a Casa Santa Marta.
Na homilia,
ele comentou o Evangelho do dia, extraído de João, explicando inicialmente as
motivações que levam à agressividade de Jesus, que expulsa violentamente os
mercantes do Templo.
O Filho de
Deus é impulsionado pelo amor, “pelo zelo” que sente pela casa do Senhor,
“convertida num mercado”.
Entrando no
templo, onde se vendiam bois, ovelhas e pombas, na presença dos cambistas,
Jesus reconhece que aquele lugar era povoado por idolatras, homens prontos a
servir ao “dinheiro” ao invés de “Deus”. “Por trás do dinheiro há o ídolo”,
destacou Francisco, os ídolos são sempre de ouro. E os ídolos escravizam.
Isso nos
chama a atenção e nos faz pensar em como nós tratamos os nossos templos, as
nossas igrejas; se realmente são casa de Deus, casa de oração, de encontro com
o Senhor; se os sacerdotes favorecem isso. Ou se parecem com os mercados. Eu
sei… algumas vezes eu vi – não aqui em Roma, mas em outro lugar – vi uma lista
de preços.
“Mas como
pagar pelos Sacramentos?”. “Não, é uma oferta”. Mas se querem dar uma oferta –
e devem dá-la – que a coloquem na caixa das ofertas, escondido, que ninguém
veja quanto está dando. Também hoje existe este perigo: “Mas devemos manter a
Igreja. Sim, sim, sim, realmente.” Que os fiéis a mantenham, mas na caixa das
ofertas, não com uma lista de preços.
O Papa
Francisco adverte também para a tentação da mundanidade.
Pensemos em
algumas celebrações de algum Sacramento talvez, ou comemorativas, onde você vai
e vê: não sabe se é um local de culto, a casa de Deus ou uma salão social.
Algumas celebrações que escorregam para a mundanidade.
É verdade
que as celebrações têm que ser bonitas – bonitas –, mas não mundanas, porque a
mundanidade depende do deus dinheiro. É uma idolatria também. Isso nos faz
pensar, e também no que diz respeito a nós: como é o nosso zelo pelas nossas
igrejas, o respeito que nós temos ali quando entramos.
O Papa
refletiu depois sobre a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, esclarecendo
que também o coração de cada um de nós representa “um templo: templo de Deus”.
Mesmo conscientes de sermos pecadores, portanto, cada um deveria interrogar o
próprio coração para verificar se é “mundano e idolatra”.
Eu não
pergunto qual é o seu pecado, o meu pecado. Pergunto se existe dentro de você
um ídolo, se há o senhor dinheiro. Porque quando existe o pecado há o Senhor
Deus misericordioso que perdoa se você vai até Ele. Mas se há o outro senhor –
o deus dinheiro – você é um idolatra, isto é, um corrupto: não mais um pecador,
mas um corrupto. O cerne da corrupção é justamente uma idolatria: é ter vendido
a alma ao deus dinheiro, ao deus poder. É um idolatra.
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